segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sobre nada com anda

A última folha
que restou pra
descrever alguma coisa.
Te escrever alguma coisa.

Mero retrato d'uma
bela imagem
de um horizonte que me liga
à sua ou à minha viagem.

Bobagens, amor, horizontes.
Cartas bonitas, saudades do mar.
Qual desses é o melhor assunto
para eu descartar?

Estou me formando poeta
Mas pra isso não tenho tempo.
Me falaram pra dentre'ssas mentiras escolher.
Nos ensinaram a sobre isso escrever.

Mas esse tempo que me falta
Me fez escrever embaralhando
Amor e mar, bobagens dor...
Eu me perdi em velhos assuntos.

-Mas continuo escrevendo-
sobre nada.
-Continuo te escrevendo-
com o nada.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Um grande país

Ele andava devagar
divagava pelo frio
branco de um dia(tchim!)
- Um último espirro

Seu caminho já frequente
bem há pouco, só se via
luzes quietas e inocentes
de um imposto dia-a-dia

Que ele até se acostumou;
"Veja, que pássaro bonito parado no poste!
até que tem belezas frias
congelando-se no norte"

Uma avenida em seu caminho
em seu caminho, uma avenida
Meninas lindas na calçada
crianças feias e precavidas.

O carro que veio
a rua slippery.
O sinal fechado
seus passos molhados.

Buzinas do norte
ele não ouviu:
"GET OUT OF MY FUCKING..."
seu corpo sentiu

O frio do chão
penetrar o sangue
que jorrava em sonhos
pr'um país distante

Distante daqui
distante de ti
um corpo qualquer:
um carro à seguir.

Seu rosto no chão
sua ex-vida na mão
de um gringo que não
compreende seus sonhos

Sem mãe nem irmão,
amigos ou flores.
Mais um brasileiro
pagando as dores
de quem nunca foi
de um grande país.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

"Raioantes (?)"

A lua veio
se namorar
na minha rua.
Assim, do nada
me apareceu
e se parece
com aquela luz
tão velha luz
da minha casa:
ondas de raios
que esquentavam
a minha alma.

A lua traz
melancolia na cor,
na pele:
luzes "raioantes" de saudade.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Até que a morte.

Felicidade
num sorriso
que me pega de surpresa.

Que cabelo, que
Mulher: a flor única
em todas essas folhas

desfocadas, todas, pelo brilho:
Que luz mais forte,
que ela tem!

A luz que mostra
toda a sorte
de se esbarrar.

E conhecer
a inspiração
da nossa vida

Lábios de carne
tão atraentes
os seus olhos

que não me buscam

E que me prendem
nessa visão
que tanto tenho

de só nós dois

Uma desculpa
pra continuar
até que a morte.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Antes do fim.

M - Ah não!
a minha bola:
pulou o muro,
nem me esperou.
Te assustou?

V - Num cemitério?
e nessa noite,
que embora feia,
és de verão?

"Quisera um susto,
ou uma bolada
pra esse câncer,
velho, pulmão.

M - E o que faz,
vovô de alguém?
E essas flores,
trouxe pra quem?

"Elas são velhas,
parecem murchas
só se dá flores assim
se essas forem pra ninguém!

V- Mas não é exatemente
ninguém que eu vim visitar?

M- É o que posso assumir
visto que sempre está
tão sozinho
nesse frio
coisa nenhuma à fitar.

V- Foi pra tudo que eu tive
 foi pra ela que eu me atrevi
a voltar à esse lugar de vidas
desprezadas e escondidas
pelo Sol e em outras vidas
como a minha
como meras flores murchas
que vagam à tantos anos sozinhas
pelas ruas.

M - Mas quantos tantos anos assim
que você tem?
E quem foi a puta que te matou e
ainda te deixou o corpo ardendo
nessa sua já vida desgastada?

V - Não vou dizer
não sei contar
mas acho que são mais de cem.
E como ousas
falar do nada,
que eu sempre tive
seja com alguma rima,
ou seja sem?

M - Desculpe mas
veja bem só:
és tão pobre, velhinho
E ainda mais
são muitos anos
Tu ainda vive?
Vives sozinho??

 "Como não cansas
de, contigo mesmo
se conversar?
ou não notastes
que não te escutas,
maldito ar?

V- Mas olhe lá
como é que fala!
Insulto hórrido!
Na minha época
não ousarias,
e à um senhor de idade,
com essas línguas,
não falarias!!

M - Não é insulto
nem nada não
Mas vi que as vezes
você tá tão
falando em mut
lembrando em tom
de preto e branco
E me parece
que essas vidas
já te falaram
tudo que tinham
e que, até
os pensamentos,
à você nada diriam.

V - É que às vezes
a tal saudade
me dói um tanto
és grande espanto
não ter o que sempre tive.
Os pensamentos
São, da vida, conclusão
para serem endereçadas
direto à casa da Morte
entregue em vossa mão.

M - Se tu quisesse
eu lhe dava a bola
um novo sonho
-meu velho sonho
que não será.
E assim esquecia
e melhorava
o rosto rugado
de tristeza sábia.
V - Não se preocupe
que quando tudo
que for pra mim
enfim, chegar
eu - a vida - estarei
em fim e pronto
disposto até
a me entregar
pois aprendi
que tanta vida
é algo à mais
que a dona Morte
consegue tolerar.


e assim, de novo
a bola rola
a lua canta
um rosto chora
antes do
fim.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Se existir, me explique

Há de haver algo mais importante pra se falar
que o amor.
Alguma coisa também tão nova e tão velha,
mas um pouco menos desgastada,
pelo tremendo uso da palavra.

Eu só espero que essas possíveis
coisas mais importantes pra se falar
do que de amor,
se existirem,
um dia consigam,
da forma mais amorosa possível,
me explicar por que que eu só sei me declarar.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Se eu mentisse bem, você queria?

E se eu disser que encontrei
o seu retrato numa flor?
No meio dessas lindas flores
Que vivem à sós nesses jardins.

Se, ainda mais, disser que sei
um lugar onde talvez
pudéssemos achar bonito o
alvorecer.

Se eu te contar que sonho?
Que imaginei uns dias de luar
sem frio e sem chuva e
Só aquela velha luz de Lua?

Que já até imaginei
todos os beijos que eu
(vou) te dei.

E que também no fundo de um
Lindo Rio - eu imaginei-
Nos sobraria ar
Pra respirar e pra você
Me responder:
Toda a beleza desse seu sorriso,
você deixa eu conhecer?

Ou me obriga a esquecer?

Pois se não deixar
Se não quiser
Se o cheiro das flores que eu te
trouxer
te enjoar

Eu juro que continuo na minha:
outra vida, essa de viver.
E que vou sonhar mais um milhão de vezes,
ansioso pela aquela utópica noite
em que enfim o sim será no fim
o que você vai me dizer

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Baseado em fatos reais

olho um jornal e
imediatamente arranco-lhe
uma pagina

uma fumaça nesse tempo livre
essas mentiras sobre fatos reais
baseado(a) em fatos reais

a queima de pretensiosos arquivos:
ao invés de ler jornal, eu leio livros.

domingo, 27 de outubro de 2013

A minha prova de vida

Os meus vícios me mostram
O caminho curto
Que a vida insiste
Em nos levar

Prazeres efêmeros
Me fazem a cabeça
A cabeça, fazem
Pensar nessa vida

Que és nova, és nítida,
Eu já via nos sonhos
Os monstros, terríveis em noites de 

pesadelos e choros

E de tão frequentes os sonhos
fazem medos inconsientes
já pensamentos tão sonâmbulos e leves,
tão breves, os sonhos

Só se dilatam no momento
Exato em que os olhos se encolhem
E esse medo do escuro então vaza
em lindas lágrimas avermelhadas.

E eu o deixo me levar, prazer
Pois mesmo que seu recheio tenha dor
A dor não é algo de todo
Ruim pra se viver

Então não vou nem assoprar
E vou deixar a cinza cair solitária
E o ar puxado, o gosto, o trago, a fumaça:
São as minhas legítimas provas de vida.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

De um lado frio do mundo

Às vezes as noites aqui sao bonitas
Tão cheias de silenciosas estrelas à mil
Não são tão densas e perigosas
Quanto as pesadas noites do brasil 

Cidade calma, leva em si mentes modernas
Tão cheias de certezas, camufladas 
Numa grande preocupação 
Em simplestemente nao errar 

Às vezes tem sol e um pouco de luz
Tem flores bonitas e feias também
É um labirinto de coisas iguais e 
Curvas e retas e vidas de alguém 

Essa cidade que não erra
E que te engole se fraqueja
Eu nao encontro a tranquilidade
De cidadão de um rústico mundo

Sim, aqui tem um belo IDH
Incontáveis Desculpas Humanas
Num mundo irreal de maravilhas
Degustadas com fortes doses de solidão

 Mas é que às vezes as noites são tão frias
 De um frio que parece aumentar a distância
 A distância que confunde-se em rios de vida
 Saudade subjetivamente sentida.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Isso que, ainda, nunca fui (velho!)

No meio de quatro paredes
Me olho no espelho
Me vejo pintado
Me vejo de índio
Me vejo na mata
Me vejo inato
Nos sambas de lá

Eu olho de novo
Não estou mais brincando
E eu vejo num rosto,
De bocas e caras,
A infância vestida
De sonhos que tive
Que morrem de fome.

Pois quando não os alimento
Eles vão como a chuva.
Artista de rua?
Na rua, morreu.
A tinta escorre
Vazou por bueiros,
Ó sonhos vadios
que eu fui escolher

Amar, pra deixar
Viver, sem frustração.

Me olho no espelho
Me vejo jogador
De bola, eterna parceira,
Um sonho que guardo:
Esse reflexo grudado
no corpo que vejo.

Eu leio o que posso
E ouço que devo:
"És grande, és velho
De seus sonhos, já escolheu um"
Mas não me admira
Olhar no espelho
De canto de olho
E ver a criança
Que olha de novo
E não reconhece
Isso que, ainda,
nunca foi.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Confusões de pensamentos

Ando e penso em parar
Penso de novo em pensar
Pensamentos esquisitos
Penso: sejam esquecidos

Dos que pensam, leio os livros
Penso então sobre a vida
Não entendo e me confundo
Penso: que dor na barriga

Que me dá com tantos dias
Tantas vidas à passar
Essas reflexões perdidas
Por que rouba-me-as, ar?

Não provéns compreensão
Papos com quem não está
Me abandona, confusão!
Penso: pare de pensar.

Pensamentos são heróis
São desejos, dores: nós
Ou seja lá o que for
Penso: poemas de amor

Por que rouba-me-os, ar?
Penso: que dor na barriga
Penso: que sejam esquecidas
Penso: poemas de amor
Penso: PARE DE PENSAR.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Senhor: Olhos em mim, sou eu falando

Cada aula é mais um ato
Olhos atentos, olhos em mim
Estuda o roteiro como um bom professor
Ensina em seu palco a história de ser um ator.

Ator de palavras, palavras passadas
de boca em bocas, diversas risadas.
Eterno amor pela verdade
dividido em muitas e belas aulas
Que de tão envolventes, prendem à todos
À tais histórias dessas gentes, seres selvagens
 Esse mundo tão paradoxal, que só ele tem.

Envolve tanto, que se torna influência
Presenciando as novas artes
Contagiando as novas mentes
E, no entanto,
Apenas um homem, por trás de grossas lentes
Visualizando os cenários
Trabalhando, mas contente.

É sabedoria escondida no seu belo disfarce
De apenas um cidadão normal.
Que se cansa da vida, de hoje,
E produz viagens à tão antigos ontens
Paga-as em horas sem dormir
E se depara com o lucro embutido nessas caras
pedindo passagem pra irem - ao banheiro - sorrir.

Então,
Senhor, olhos em mim, sou eu falando:
As histórias que tu contas, agora nós contamos
Viver é como o cais de pedra
Chove ilusão, parte junto com a água
Mas o que fica, a tal saudade, nossa vontade de chorar.
Mas e se chora? senta e canta, e lembra da nossa bronca:
Afinal, você só pode ficar triste uma vez por semana.

Gabriel Miranda e Julia Mestre ( http://poesiasmestre.blogspot.com.br/ )

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A culpa é sua

Se hoje escrevo sem rimas forçadas
Se até escrevo quando estou feliz.
Se vejo no mar poemas de vidas
E se levo a vida do jeito que quis

São só teus, esses sonhos,
Se agora eles brotam de mim.
E se digo que amo, e se não
Invento mentiras que todo mundo diz.

É tua, essa culpa!
Foi tu quem me fez
Quem, de tão certa, mostrou-me
a vida que passa
num dia a nascer
com e como o Sol.
O Sol é você.
E se transpiro bobagens
nesse alvorecer
culpo-te de tudo e
te levo comigo,
assim como o Sol,
até o dia em que eu morrer.

Mas antes disso eu peço
Me perdoe pelas rimas no infinitivo
E não só pelas pensadas falhas.

Se sou teimoso, impulsivo
É por não ter bem entendido
Toda essa vida que
A tua bonita boca traga.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Para jovens artes

Transmita-se na arte
Que escondes nos seios
Lotados de tralhas e anseios.
Balbúcios desses corações.

Os mundos dos livros
Das músicas, dos quadros
Têm cenas de sobra
Para esse belo repertório.

Que sorrisos, são tão lindos
São demais convidativos
É a arte mais que pura
Que eu nunca vi.

Euforia em contato
com euforias variadas
Simplicidade desses sorrisos.
A inspiração das novas artes.

Então abra essa boca
Engula mais esse ar
O mundo te espera, estagnado
Está louco pra te ouvir cantar.

domingo, 15 de setembro de 2013

O passeio da rosa

E, se por acaso,
As plantas pudessem,
Assim como a Terra e os bichos e
O vento e todos esses seres humanos,
Se levar;
Por todos os lados se
Locomover.
Estou certo:
-Aquela rosa que
De tão bonita, eu
Vi e você viu,
Correria, até mesmo,
A distância de um longo quarteirão
Só pra ver
Esses mil aromas escondidos
Nas suas sombras de mulher ideal.

sábado, 14 de setembro de 2013

Pessoas estranhas

Pessoa
Que me (é)
Estranha
Me complica
Com o sorriso
Nesse rosto
Que um beijo
Toca; que
Não é o meu.
Mas que vontade
De abraçar
Essa estranha
Pessoa
Dos lindos cabelos
Que escondem as entranhas
De suas vidas
E de uma bonita boca
Que encontra
-ainda-
Um beijo que não é meu.

Essas letais
diferenças das características em comum.
Essa pessoa que me,
Estranhamente,
Encanta
Pode ser
Das dores, a pior.
Mas pode ser
Aquilo tudo que transmite
Aqueles lindos olhos
Melancólicos e
Tão sinceramente
Impostos por mim mesmo
À minha mais nova
E completamente desconhecida
Vontade.

Eu vou te
Desestruturar
Do mesmo modo
Que você me
Desajeitou;
Pessoas estranhas.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O fim de mais um verão

Numa mata quase fechada
Escuto os sons
A madrugada.
O sol raiou
A lua amada
Se apaixonou
Me abandonou
Foi mal tratada.

Os dias vão
Levam o nada
Cores mudadas
Malditos dias
Sutil mudança
Da natureza
A mãe das mães
Endiabrada

A beleza das árvores
A tristeza das cores
Tantas cores
Tantas folhas
Vão caindo pelo chão
É o início de um Outono.
É o fim de mais um Verão.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sozinhas dores

Sento à varanda
de um café
Vejo os velhos
morrendo em pé.

Vejo uma flor
sozinha flor.
Vejo um drogado
Sozinha dor.

Dos bem amados
Que sabem rir
Vejo a inveja
Desses daqui

Todos esses homeless
observando
Serão os loucos?
Mas

eu vejo tantos
e têm tão pouco
e ainda assim
são, todos, os únicos
à sorrir pra mim.

Away of home

Nessas ruas
Mal educadas
Mal humoradas
Mal desenhadas
para mim

Não encontro
Os desencontros
Inesperadas
Aparições

Olho gente
E fico crente
De que são todos iguais

Não me amam
Nem as amo:

Mas são uns belos animais.

Construtores de paisagem

Esses fones de ouvido
Monopolizam minha solidão
Omitem-a desses olhos distantes
-cores em pares
Apressadas desilusões

No silêncio do meu ser
Olho gente olho à olho
Me deparo com os sonhos
Escondidos na eternidade
Desses olhos ainda vivos.

Pisca, luz, reflete sol
Coça dor de uma saudade
Lágrimas caem encabuladas
Chove agora a chuva salgada
O nosso choro é toda maldade
Escondida nesses atraentes olhos de tristeza.

Nossa cor, as nossas pupilas
Dilatando-se de sonhos
Embriagando-se de imagens
Pra acreditar que, nessas maldades,
Escondem-se esses -sonhos-
Construtores de paisagens.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Esse seu medo de amar

Esse seu medo de amar
Te prende na tristeza
Te exclui das novas experiências
Que estão loucas de amor

Amor que se foi
Foi morar noutro lugar
Não quer levar-te consigo
Deixe ele ir, e também vá

Vá, que sei que sabes
Voar, sempre foi uma vontade
Vai embora com a fumaça
Que tens medo de tragar

Mas não
Esse tão condensado coração
Sofre até as horas frias de uma noite
A, fumaça que arranha, que quase mata:
Por que não
Vens com sabor de liberdade?

Compositor de destinos

Toca mais essa música
Que em instantes compôs.
Palavras impulsivamente pensadas
Por esse coração de ingenuidade

Suspensa na coragem
De saber que tens a arte
De conhecer suas vontades
De se expor à poesias

Me leva ao delírio
Quando, com seu sorriso amigo,
Um violão faz gritar
Que a arte está bem aqui
No meio de toda essa nossa
gente.
Por que
Que eu tenho
Que ficar
Segurando
Todo esse peso
Em cima de mim?

Por que
Que tenho
Que equilibrar
Essa cabeça
Neste corpo?

Por que não
Posso deixa-la
Com todo
Esse peso

Cair?

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Esses sonhos, esses sons

Pensamentos são tão fortes
Que sem ver, estou falando:
Sons tão baixos, confusão
Desses lábios molhados
O encaixe perfeito
Pra minhas dores;
Os meus beijos;
Nessa pele gelada
De quem nunca mais está.

A única que ouve
Mensagens distintas
-talvez até lindas
Que nem mesmo sei.
Mas sei que eu falo
Dos belos retratos
Que me vem nesses sonhos;
Que vem dos vestígios
Que vem das memórias
Que guardei; por você.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Confusões de um observador

Sentado na beira
Da minha futura varanda
Esperando a vida
Passar com alguma
Vida nova.

Olhando as pessoas
Que andam sem ritmo
- pois perdem a trilha-
Olhando a mesmice
De todos os prédios, idênticos

Buzinas me azucrinam
Me atentam à alguém
Que passa - me procura?
Ou que não passa
De um Zé Ninguém

Ninguém que valha
Meros esforços
Físicos ou mentais.
Desgaste que vem
Com um piscar de olhos.

Que entregam aos céus
Suas mentiras gigantes
Desprezam o pecado
E se prendem à algum legado
Que devem deixar.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Um encontro transcedental

Me sinto ainda nos teus braços
Me inclino ainda ao meu desejo
E pareço estar imersa em sonhos
Quando lembro de teu efêmero beijo.

O que me trouxestes - a liberdade
Era tudo o que me faltava
Entendi toda a verdade
Cada vez que me tocava.

E nessa noite escondida
Compreendi suas mensagens
E sem entrar na minha vida
Levou consigo minhas bobagens.

Soneto pra um amor desconhecido

Nada sei disso tudo que sinto
-que se esconde atrás do que vejo.
Como pode apenas olhos bonitos
Me deixarem nesse grande desejo.

Mesmo só, sem mais nada pra dar
Me encontro preso, estagnado em segredo
E até me entrego pro mal do luar
Se assim conhecer o seu beijo.

Sei que tua lágrima me consome
E sei também, sem conhecer
Que tens um lindo nome.

Vou correndo pra te ver
-e nem sei direito aonde
Mas só paro ao ter você.

Velório na beira de um mar

Não sei mais por onde
Andaras mostrando
Seus medos e prantos
Por onde será?

Que vais escrevendo
Memórias singelas
Das noites modernas
Imploro me diga

Se as falsas besteiras
Fizeram pro ontem
Um lindo velório
Na beira de um mar

E se seu canto lindo
E suas ondas - suas artes
Levaram-me ao mistério
Da morte esplêndida dos mares.

Importâncias desimportantes

Não me lembro do passado
E o presente é tão passageiro
Que nem sei quando é o futuro.

Numa vida de importunos
Mais vazios que as praças
Desertas; completas de nada.

Vou vivendo o que nem sei
Me perdendo em meras importâncias
Desimportantes; meramente, esquecidas.

Humildes agradecimentos

Agradeço às palavras
Por serem eternas.
Agradeço aos livros
Por não poderem
Me abandonar.

Nessa solidão compartilhada
- paradoxo linguístico?-
Agradeço, a cada página
Por me levar à rir
dessa vontade de chorar.

sábado, 10 de agosto de 2013

Sinceros desleixos

E podemos
ensaiar tantas cenas
de sexos
efêmeros, maduros
sinceros
desleixos.

Não temos nome

Não temos muita poesia
Não temos muito o que ler
Não temos muito o que falar
Não precisamos escrever.

Não temos muito pra entender
Não temos muito pra comprar
Não temos muito aonde ir
Mas temos carros pra andar.

Não temos muita música pra ouvir
Não temos muita voz pra expressar
Não temos muitas casa pra morar
Mas temos muita fumaça,
fumaça escura, pra sufocar.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Fez-se a fera, deu-se um grito

Rouba minha vida
Minhas nóias e meu dinheiro
Me entrega suas ideias
Sua atração e seus conceitos

No clarão de um dia frio
Na escuridão de um lindo nada
Me vens numa ilusão, que reflete
Os sonhos das enormes madrugadas

De ruas silenciosas, de choros contidos
O povo sem voz, num último suspiro
Enfrenta a realidade, aflora o extinto

Vejas não foi instinto, vejas não foi esquecido
Vê que o horizonte - que fora infinito
Esgotou-se da mentira, fez-se a fera, deu-se um grito

Amor efêmero da vida

Venha mulher da vida
Me ensina o que tu tens
O que tu levas escondida
O que te faz entrar em êxtase
Me diga o que é.

Não sei nada dessa vida,
Vida
Mas capto solidão na sua conduta
Que leva o amor ao coração
Sólido, sádico, de mais um louco
Da Escuridão

Despreze o fruto da loucura
Como ela te despreza

Vem à mim despedaçada
Que retalho tuas angústias,
Que distraio os seus medos
E devolvo, receoso
O seu coração de pedra

Para não ver o sofrimento
Desses olhos, tão volúpios
Que se fecham, em meio ao gole
De mais um vinho ensanguentado,
Envenenado.

Postando pra viver


Os meus dedos estão presos
No que a mente quer dizer
Vivo pra postar meu medos
Posto pra gostar de viver.

No escuro do meu quarto
- mesmo com o ar quebrado
Prendo-me horas no amor
Que sinto pelo computador

Já perdi minhas palavras
Pego as suas emprestadas.
Escrevo tudo o que me vem
Escrevo tudo que nem sei.

E nem sei que horas são
Se são horas de dormir
E nem sei onde eles (tão)
- cadê o sorriso que imprimi?

Já perdi os meus amores
Já nem tenho mais as dores
Mas sou aquele rosto feliz
Que curte tudo o que você diz.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Versos infantis

Dos meus versos infantis
Extraio a bobagem de cada dia
Os amores do cotidiano
Que se ofuscam nessa correria.

Flores cortadas ao meio
Por serem ingênuas demais
Poesias desprezadas
Por rimarem sobre a paz.

Sem direitos sociais
Sem vontade pessoal
Destroem-se sonhos infantis
- Sem dinheiro e sem moral

Realidade de um menino
Tão menino quanto eu
Que vive pra morrer de fome
Que morre pra viver com Deus.

Revolta natural

As flores conversam comigo
Me dizem que algo não está como deve
Não posso dizer, mas, meu amigo
Me falam em mudar e que deve ser breve

As árvores gritam que estão desgastadas
E nem mais seus galhos estão à subir
Pois pássaros estão com muito mais medo
E de suas casas não querem sair.

E no leito do rio mais velho
Derrama-se o leite que ninguém mais quer
E a floresta encontra-se abandonada
E até (do) Curupira viraram o pé

Mas as flores já avisaram
E os animais já vão revidar
E quando o espinho matar último cravo
Nem pense, bicho homem, não vá reclamar.

Enchente de sentimentos

Nas águas que correm ruas
Jogo todo sentimento
Me obrigo a ser da lua
Pra não ver chover meu sofrimento.

Navego na desordem
Que a consciência me dedica
Procurando a solução
Para a dúvida que me abriga.

Mas não encontro resposta
- Já não sei mais nadar
E a água me sufoca

Digo sim e vou levando
Me abraço em culpa
E acabo me afogando.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Estranha Realidade

Me iludo
Com a bobagem
De te ver sorrir.

Me excito
Com o brilho
Das flores do céu.

Me calo
Com a nobreza
De talvez perder.

Me engasgo
Com a aflição
De não saber porquê.

Me mato
Com a dor do fato
Da distância entre nós e as estrelas
Ser menos falada
Que a simples distância entra as pessoas.

Rap poético

Pra lembrar pro
Amigo que não quer se expor
De baixo de um cobertor
A vida já começou
O galo já corococô
Mas tudo bem, porque nada mudou
O mundo já se revoltou
O poder já não escutou
E a todo mundo já obrigou
E hoje o povo se apaixonou
Por não amar.

24 horas

Sentado no conforto de um sofá
Observo a vida
Passar
Observo cada 24 horas ir
Sem voltar
Sem falar

E tudo tenho que fazer
Pois só tenho 24 horas
 Que nao vão
Ficar
Que só querem
Passar

Que nao se importam em surpreender
À todos que nao param de
Desprezar
Cada hora preciosa
Que a vida tenta nos proporcionar

Vivendo vidas supérfluas
Uma maneira de se
Refugiar
Das questões que nao importam
Nesse mundo de (se)
Matar
E me agarro ao conforto
De um sofá
Vendo toda a futilidade de um dia
Ir
-e espero que à merda
Vá.

Retrato de uma separação

Pode ficar de mãos dadas
Sem problemas com a sua vida pessoal
Espero esteja feliz,
- So espero não esteja tão mal
Mas acontece que um dia
Você disse preu não me sentir só
E me deixou numa estranha vontade
De conhecer o mundo melhor.
Mas quando vi que partia e ia
Levar meu coração
A poesia no fundo escondida
Escrevi na sua mão
Nela eu te dizia que não vou parar de pensar em você
E que a saudade é mal
De quem não consegue esquecer.

E nos dias de chuva, agora sem você
Mais cinzentos que nunca, ninguém pra proteger
Aprendi a ser livre, mesmo não querendo ser
e aprendi a pensar em parar de pensar em você
Quando nasce o dia
Eu me mato ao afirmar
Que a noite não foi tão fria
Que o sol ainda sabe brilhar
Pois eu bem que sabia:
Mentindo à mim mesmo
é claro, eu conseguiria
Omitir a verdade do desejo.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Escuridão dos Surdos e Mudos

Na discórdia de um dia
Me encontro surdo e mudo
Vendo cegos pelos ares
Que se desencontram nesse (i)mundo

Não escuto o que eles dizem
Mas posso ver que algo gritam
Ninguém se reconhece
Nos discursos em que habitam.

Pois vivemos na escuridão
E somos todos surdos e mudos
E nos esforçamos todo dia
Pra nos mantermos nesse poço fundo.

Brilhos sem cor

Mais nada pra falar
Resolvi me calar.
Na penumbra de uma noite
Sorrateira e ofegante
Que esquenta o coração
E não me deixa mais dormir
Pois o frio que me vem
É o medo de sair
Pra uma noite tão discreta
Que me injeta o desprezo
Em pensar que a vaidade
Não se cansa de vagar
Pela noite tão deserta
Que procura nos mostrar
Que vaidade é tão inútil
Pois a Lua que é algo mais
Nesse mundo de matar
E que seu brilho é bem maior
Que toda a vontade de brilhar.

Seu prazer tão indecente

Na escuridão do mar à noite
Me faço ver o que queria
Brilha a flor Branca, tão bonita
Que vem trazer a alegria

No sorriso dela, flor
Vejo mistério, vejo cor
Afogada em poesia
Flor tem cheiro de amor

No teu beijo quero ver
Se és sim tão diferente.
No seu corpo conhecer
Um prazer tão indecente.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Um dia de solidão

De manhã, logo cedo
Algo vem me acordar
Será sorte, será medo?
Chega pra me calar.

As horas passam tão rápidas
Que parecem nem se ver
E o silêncio me assusta tanto
Que nem vi o sol morrer.

A escuridão me indica
Que a lua já chegou
Trouxe toda sua beleza,
Diz que se apaixonou.

E o amor que vem com ela
Me faz querer gritar solidão,
Mas nada sai da minha boca
- A não ser a fumaça,
            [que veio limpar meu coração]

Cegos não falam

Enquanto cegos procuram por vida,
Ele segue sentado em seu trono.
Os berros parecem mudos
Ao ouvido dos que não são surdos.

Pode até haver protesto, briga e greve
Pois uns cegos já O ensinaram
E o botão do mute não O deixa entender:
"O que pode, todos esses cegos, querer?

Se eles não veem, nem falam?
não podem dizer que não querem mais!"
-Mas e nesses dias, então, que ousam discordar?
"ah não importa, são todos meros marginais."

Olho que brilha no escuro

Olho que brilha no escuro
E se esconde na claridão
Que assusta tal pupila
Que se prende em solidão

Abra-te a lente
Para que todos possam ver
A cor que não te faltas
Mas que não deixas ninguém ter.

Mostre toda a sua vida
E compreenda a alegria
De não chorar ao anoitecer

Olho lindo e inocente
dilata-se ao infinito
e me conte o que vê.

O voo da Asa Branca

Luiz Gonzaga manda avisar
Que a Asa Branca só poderá voar
Quando o Nordeste inteiro cantar
E num impulso dançar
Ao som do Baião
Que deverá se misturar
Entre samba rock e afins
Mas só quando o Tio Sam pegar no tamborim
Pede para Geraldo se acalmar
Que quando o Dia Branco chegar
Será, definitivamente, proibido
Proibir.
E, alegria, alegria, todo mundo vai sorrir
Ao Gil escrever que tudo é Divino Maravilhoso
E isso, da Gal, todos ouvir (Ein?!)
Novos Baianos vão lutar
Pra Asa Branca voar
E vão se acabar de misturar
O Baião e o samba-rock da história
E só não há de gostar
Quem não for brasileiro nessa hora
Pois num bilhete pra didi,
Gritará o mistério da Nação Zumbi
Que junto com Chico Science
O Maracatu Atômico fará explodir
No bico do beija flor
Chegará a imensa gratidão
De ver a Asa Branca
Batendo asas de volta pro Sertão.

Rosto Pintado

Pequena menina
Da boca bonita
Do rosto pintado
De cor e de vida

Te escrevo uma carta
Na folha da rosa
Que me prende ao esforço
De tocar-te a alma

Renovando o amor
Em cada alvorecer
Pregado ao desejo
De sempre estar com você

Me vejo ao teus pés,
Pequena menina,
E imploro pelo prazer
De conhecer a sua sina.

Joe Johnny

Não vale tentar,
Se tem que entender.
Pois quando errar,
Pagará por merecer.

Se pode amargar
A dor de sonhar.
Pode até parecer que daria pra ser,
Mas o que ficou,
não pode morrer.

Eu olho pra trás:
Atiro em meus erros,
Me pego ao desprezo
De ser quem sou.

Projeto a realidade
Que tanto tento esquecer
Ela diz que tudo é em vão
e que o pra sempre nunca pode viver.