domingo, 27 de outubro de 2013

A minha prova de vida

Os meus vícios me mostram
O caminho curto
Que a vida insiste
Em nos levar

Prazeres efêmeros
Me fazem a cabeça
A cabeça, fazem
Pensar nessa vida

Que és nova, és nítida,
Eu já via nos sonhos
Os monstros, terríveis em noites de 

pesadelos e choros

E de tão frequentes os sonhos
fazem medos inconsientes
já pensamentos tão sonâmbulos e leves,
tão breves, os sonhos

Só se dilatam no momento
Exato em que os olhos se encolhem
E esse medo do escuro então vaza
em lindas lágrimas avermelhadas.

E eu o deixo me levar, prazer
Pois mesmo que seu recheio tenha dor
A dor não é algo de todo
Ruim pra se viver

Então não vou nem assoprar
E vou deixar a cinza cair solitária
E o ar puxado, o gosto, o trago, a fumaça:
São as minhas legítimas provas de vida.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

De um lado frio do mundo

Às vezes as noites aqui sao bonitas
Tão cheias de silenciosas estrelas à mil
Não são tão densas e perigosas
Quanto as pesadas noites do brasil 

Cidade calma, leva em si mentes modernas
Tão cheias de certezas, camufladas 
Numa grande preocupação 
Em simplestemente nao errar 

Às vezes tem sol e um pouco de luz
Tem flores bonitas e feias também
É um labirinto de coisas iguais e 
Curvas e retas e vidas de alguém 

Essa cidade que não erra
E que te engole se fraqueja
Eu nao encontro a tranquilidade
De cidadão de um rústico mundo

Sim, aqui tem um belo IDH
Incontáveis Desculpas Humanas
Num mundo irreal de maravilhas
Degustadas com fortes doses de solidão

 Mas é que às vezes as noites são tão frias
 De um frio que parece aumentar a distância
 A distância que confunde-se em rios de vida
 Saudade subjetivamente sentida.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Isso que, ainda, nunca fui (velho!)

No meio de quatro paredes
Me olho no espelho
Me vejo pintado
Me vejo de índio
Me vejo na mata
Me vejo inato
Nos sambas de lá

Eu olho de novo
Não estou mais brincando
E eu vejo num rosto,
De bocas e caras,
A infância vestida
De sonhos que tive
Que morrem de fome.

Pois quando não os alimento
Eles vão como a chuva.
Artista de rua?
Na rua, morreu.
A tinta escorre
Vazou por bueiros,
Ó sonhos vadios
que eu fui escolher

Amar, pra deixar
Viver, sem frustração.

Me olho no espelho
Me vejo jogador
De bola, eterna parceira,
Um sonho que guardo:
Esse reflexo grudado
no corpo que vejo.

Eu leio o que posso
E ouço que devo:
"És grande, és velho
De seus sonhos, já escolheu um"
Mas não me admira
Olhar no espelho
De canto de olho
E ver a criança
Que olha de novo
E não reconhece
Isso que, ainda,
nunca foi.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Confusões de pensamentos

Ando e penso em parar
Penso de novo em pensar
Pensamentos esquisitos
Penso: sejam esquecidos

Dos que pensam, leio os livros
Penso então sobre a vida
Não entendo e me confundo
Penso: que dor na barriga

Que me dá com tantos dias
Tantas vidas à passar
Essas reflexões perdidas
Por que rouba-me-as, ar?

Não provéns compreensão
Papos com quem não está
Me abandona, confusão!
Penso: pare de pensar.

Pensamentos são heróis
São desejos, dores: nós
Ou seja lá o que for
Penso: poemas de amor

Por que rouba-me-os, ar?
Penso: que dor na barriga
Penso: que sejam esquecidas
Penso: poemas de amor
Penso: PARE DE PENSAR.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Senhor: Olhos em mim, sou eu falando

Cada aula é mais um ato
Olhos atentos, olhos em mim
Estuda o roteiro como um bom professor
Ensina em seu palco a história de ser um ator.

Ator de palavras, palavras passadas
de boca em bocas, diversas risadas.
Eterno amor pela verdade
dividido em muitas e belas aulas
Que de tão envolventes, prendem à todos
À tais histórias dessas gentes, seres selvagens
 Esse mundo tão paradoxal, que só ele tem.

Envolve tanto, que se torna influência
Presenciando as novas artes
Contagiando as novas mentes
E, no entanto,
Apenas um homem, por trás de grossas lentes
Visualizando os cenários
Trabalhando, mas contente.

É sabedoria escondida no seu belo disfarce
De apenas um cidadão normal.
Que se cansa da vida, de hoje,
E produz viagens à tão antigos ontens
Paga-as em horas sem dormir
E se depara com o lucro embutido nessas caras
pedindo passagem pra irem - ao banheiro - sorrir.

Então,
Senhor, olhos em mim, sou eu falando:
As histórias que tu contas, agora nós contamos
Viver é como o cais de pedra
Chove ilusão, parte junto com a água
Mas o que fica, a tal saudade, nossa vontade de chorar.
Mas e se chora? senta e canta, e lembra da nossa bronca:
Afinal, você só pode ficar triste uma vez por semana.

Gabriel Miranda e Julia Mestre ( http://poesiasmestre.blogspot.com.br/ )