M - Ah não!
a minha bola:
pulou o muro,
nem me esperou.
Te assustou?
V - Num cemitério?
e nessa noite,
que embora feia,
és de verão?
"Quisera um susto,
ou uma bolada
pra esse câncer,
velho, pulmão.
M - E o que faz,
vovô de alguém?
E essas flores,
trouxe pra quem?
"Elas são velhas,
parecem murchas
só se dá flores assim
se essas forem pra ninguém!
V- Mas não é exatemente
ninguém que eu vim visitar?
M- É o que posso assumir
visto que sempre está
tão sozinho
nesse frio
coisa nenhuma à fitar.
V- Foi pra tudo que eu tive
foi pra ela que eu me atrevi
a voltar à esse lugar de vidas
desprezadas e escondidas
pelo Sol e em outras vidas
como a minha
como meras flores murchas
que vagam à tantos anos sozinhas
pelas ruas.
M - Mas quantos tantos anos assim
que você tem?
E quem foi a puta que te matou e
ainda te deixou o corpo ardendo
nessa sua já vida desgastada?
V - Não vou dizer
não sei contar
mas acho que são mais de cem.
E como ousas
falar do nada,
que eu sempre tive
seja com alguma rima,
ou seja sem?
M - Desculpe mas
veja bem só:
és tão pobre, velhinho
E ainda mais
são muitos anos
Tu ainda vive?
Vives sozinho??
"Como não cansas
de, contigo mesmo
se conversar?
ou não notastes
que não te escutas,
maldito ar?
V- Mas olhe lá
como é que fala!
Insulto hórrido!
Na minha época
não ousarias,
e à um senhor de idade,
com essas línguas,
não falarias!!
M - Não é insulto
nem nada não
Mas vi que as vezes
você tá tão
falando em mut
lembrando em tom
de preto e branco
E me parece
que essas vidas
já te falaram
tudo que tinham
e que, até
os pensamentos,
à você nada diriam.
V - É que às vezes
a tal saudade
me dói um tanto
és grande espanto
não ter o que sempre tive.
Os pensamentos
São, da vida, conclusão
para serem endereçadas
direto à casa da Morte
entregue em vossa mão.
M - Se tu quisesse
eu lhe dava a bola
um novo sonho
-meu velho sonho
que não será.
E assim esquecia
e melhorava
o rosto rugado
de tristeza sábia.
V - Não se preocupe
que quando tudo
que for pra mim
enfim, chegar
eu - a vida - estarei
em fim e pronto
disposto até
a me entregar
pois aprendi
que tanta vida
é algo à mais
que a dona Morte
consegue tolerar.
e assim, de novo
a bola rola
a lua canta
um rosto chora
antes do
fim.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
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ihiiiiiI!!!!!!!! ta lindo
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