terça-feira, 6 de setembro de 2016

Papel filho da puta

Por que não dá pra escrever gritando?
As folhas são surdas que merda!
Meu único refúgio só me oferece solidão
-e o pior é que eu me amarro

Papel filho da puta
não aguentava mais ouvir as dores da sua mãe
e enlouqueceu

Charles Peixoto

Na poesia marginal
eu problematizo minhas ideias
e ataco o rei seja lá do que for

Na métrica eu escolhi amar.
No canto de uma sala, fumando
brincando com a dor dos outros

Mas já não é o amor
tão marginal nessa cidade?

-Cale a boca desse poeta!
e deixe o cigarro morrer pela metade.

O poeta

E a poesia ninguém quer mais falar?
Já me foi coisa mais séria:
rimar sonetos bicar as métricas
pra linha de fundo;
beijar palavras romper com acentos
e ir dormir sozinho

Nua e crua

Na ponta do dedo um machucado
inflamado com pus sangue carne
tudo junto querendo conversar
com a minha dor sem mais nem
menos mesmo que seja nojento
perceber esse sangue vermelho
jorrando de dentro de mim eu
que sempre me julguei bonito


sábado, 3 de setembro de 2016

Eu de oculos escuros em plena lua cheia
Tentando esconder as lagrimas
Que encontram reticências ate pra
me deixarem

Dormindo com o olho aberto so pra imaginar
So pra nao sonhar de novo
 aquele sonho do avesso 

Ouvindo gemidos do quarto ao lado
Invejando prazer de pessoas alheias
À minha insônia

Perdendo meu tempo chorando pro tempo passar
Mas dói. 

Não seja por mim

Não sei de onde vem
Nem pra que que vem
Querer me saber


Se eu fosse contar
Uma história sem pé,
Sem pé nem cabeça
Só corpo só alma
Não seria por mim


De mim,
eu não sei das angústias:
Só sei que as sinto

Não sei dos sentidos:
Eu tenho vergonha


Não sei das meninas:
Mas quero saber


Não sei das verdades:
Odeio dizer


Eu vivo escondido
Querendo surgir
Eu vivo sorrindo
E morro de rir.